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O Mestre

O diretor Paul Thomas Anderson (PTA) possui uma assinatura muito singular em suas obras e a cada novo projeto que chega as telonas, o cinéfilo vai tendo a certeza: esse cara vai se tornar uma lenda logo, logo. O Mestre, seu mais recente rebento cinematográfico, é um filme denso, difícil, charmoso e com um discurso muito, mais muito ousado para o atual cenário do "cinemão hollywoodiano". Acusado de criticar a religião queridinha de algumas estrelas do cinema, a Cientologia, PTA utiliza de maneira inteligente o culto para debater com o espectador: será que nós humanos precisamos de líderes (mestres), de um caminho, ou de metas para conseguir encontrar o que desejamos dessa vida?

Antes de aprofundar a discussão é preciso exaltar as atuações de Joaquin Phoenix, como o protagonista Freddie Quell e Philip Seymour Hoffman, como o mestre. Não se vê o homem e ator Joaquinm Phoenix, apenas enxerga-se a personagem. É praticamente sobrenatural a atuação. É possível ver todas as camadas da personalidade de Quell, da sua explosão emocional, seu comportamento alcoólatra, o olhar triste e sem sonhos e ao mesmo tempo é possível ver que ele quer algo, mas não sabe o quê. Seymour Hoffman é o mestre que, talvez, possa lhe mostrar o caminho. A dupla, sem sombra de dúvida, realiza um das melhores atuações da temporada. Vale a pena conferir.

As obras de PTA são permeadas de um sentimentalismo complexo, que muitas vezes, acaba pousando no inusitado, o que chama muito a atenção dos espectadores. Em Boogie Nights - Prazer Sem Limites o espectador consegue adentrar os diversos dramas pessoais de um grupo de produtores e atores de cinema pornô. No estupendo Magnólia, o emaranhado dramático da trama converge para uma marcante e inesquecível chuva de sapos, e que explica com clareza o objetivo do filme. Outras estranhezas também são conferidas em o Embriagado de Amor e Sangue Negro. O que está inerente em todas as suas obras é um busca constante para entender o ser humano. Em O Mestre, PTA utiliza a personagem de Phoenix (Freddie Quell) para debater os anseios desse homem, que caiu por coincidência dentro um culto chamado A Causa (leia-se Cientologia), tentou se encontrar sem sucesso, mas o que queria de verdade era parar de se deitar num colo de areia e repousar sobre o seios de uma amada.

O Mestre mostra que muitas vezes a busca de um vida é bem mais simples, não necessitando de grande religiões e seus líderes para guiar o rebanho de ovelhas. Esse debate existencialista é bem pontuado pelo mestre, na conversa final com o Quell, em que ele diz: "... se descobrir uma maneira de viver sem servir um mestre... Qualquer mestre... então deixe o resto de nós saber... pois você será a primeira pessoa na história da humanidade". É justamente essa incoerência humana que atiça o mestre a saber mais sobre Quell, um homem que parece vagar pelo planeta, sem objetivoso, sem alguém para direcionar seus passos. Opa, temos aqui uma discussão teológica, pró-ateísmo?

Enquanto muitos se preocupavam que o longa fosse uma crítica a Cientologia, PTA mostrou que há temas muito maiores e melhores de serem discutidos dentro de um filme do que apenas realizar uma obra para denegrir uma religião/seita. Uma alegoria inteligente de um dos melhores diretores do cinema moderno, Paul Thomas Anderson.



O Mestre (The Master - 2012)
Direção: Paul Thomas Anderson
http://www.imdb.com/title/tt1560747/

Gilvan Marçal - gilvan@gmail.com
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