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O Lobo de Wall Street

Após assistir O Logo de Wall Street vem à cabeça uma conclusão óbvia: depois de velhinho Martin Scorsese pirou. A insanidade transborda da tela e infecta os espectadores nesse saboroso filme sobre a vida de Jordan Belfort, um inescrupuloso corretor da bolsa de valores que ficou milionário com uma simples premissa, fazer as outras pessoas acreditarem que ficariam ricos. No fim, grande parte não ficou rico e, pior, perdeu o que tinha.

O longa é instigante, desbocado e questiona de forma bem singela essa cobiça inerente no homem. Todos os clientes de Belfort queriam ficar ricos. Obter lucro rápido e fácil. O que o lobo percebeu é que dava para usar isso a favor dele. É uma espécie de alfinetada em nossa sociedade, sobretudo nos investidores de bolsa de valores. Perceba como o mesmo discurso é utilizado para motivar as dezenas de funcionários a querer algo mais, buscar uma vida melhor, atingir o tal sonho americano. Ganância, cobiça, luxuria, ira, falsidade. Tão poucas vezes vi um filme tão politicamente incorreto soar tão saboroso.

Mas deixemos a crítica moral de lado e vamos direto para o que interessa, a loucura. Scorsese não estava bem quando decidiu colocar entre as primeiras cenas do protagonista, DiCaprio cheirando cocaína no anus de uma prostituta. É uma das cenas que vai entrar para história do cinema. Nas mãos de qualquer diretorzinho O Lobo de Wall Street poderia soar raso e panfletário, tentando convencer o espectador que o dinheiro não é tudo e aquele blá blá blá anticonsumismo. Scorsese busca retratar quem é e o que fez Jordan Belfort. Sem julgá-lo ou mesmo tentar condicionar o público a criticá-lo. Belfort é um bon vivant e um sujeito divertido. Ele escolheu ser desonesto e rico, e não se arrepende. Claro que Scorsese consegue chegar nesse monumental resultado com a ajuda da melhor atuação da carreira de Leonardo DiCaprio. Está soberbo e se entrega a insanidade do personagem de maneira primorosa. Outro que rouba a cena, é Matthew McConaughey, com uma pequena participação como o mentor inicial de Belfort.

Sempre que o nome Wall Street vem à tona, poder e cobiça está associado. O Lobo de Wall Street é um ótimo filme sobre o tema e vai ficar lado a lado com o eficiente Wall Street - Poder e Cobiça. Curiosamente, ele me remeteu a Clube da Luta, que também por trás de uma história maluca e quase sem sentido, esconde uma discussão interessante sobre os caminhos da natureza humana. Depois de tudo que Belfort fez, ele pagou algum tempo de cadeia, já está liberto e hoje é um palestrante conceituado, como a conclusão do longa evidencia. Ele até aparece no filme, sabia? Procure e você vai achar. Esse tipo de gente está aí, fazendo coisas erradas, passa quase ileso pela justiça e continua vivendo bem. Pergunta: que mundo é esse em que vivemos? Scorsese deixa isso bem evidente na conclusão, ao mostrar Belfort de palestrante. As pessoas querem aprender a vender uma caneta e obter algum lucro com isso, ainda que o cliente não precise ou a queira uma caneta. No fundo, Belfort sempre ensinou que as pessoas desejam ser enganadas.



O Lobo de Wall Street (The Wolf of Wall Street - 2013)
Direção: Martin Scorsese
http://www.imdb.com/title/tt0993846/

Gilvan Marçal - gilvan@gmail.com
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Um comentário:

  1. Guilherme Vianaabril 29, 2014

    Vi esta semana... obrigatório para todo mundo que um dia já trabalhou no mundo corporativo!!!

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