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Mapa para as Estrelas

David Cronenberg (A Mosca e Senhores do Crime) é mesmo um diretor instigante, que a cada novo projeto, ganha ainda mais minha devoção. Mapa para as Estrelas é uma sandice hipnótica que irá acertar a cabeça do espectador a golpes de uma estatueta dourada. Afinal, o longa é uma ácida crítica ao star system de Hollywood, permeada de incesto, homicídio e piromania. Aposto que não está entendo nada até esse ponto da resenha? Essa é a ideia. Por que todo filme tem que seguir a mesma receita de bolo, ou um texto ter começo, meio e fim, e soar compreensível? Ué, por que as coisas funcionam assim. Cronenberg  proporciona uma experiência cinematográfica um tanto fora da caixinha, mas ainda assim apetitosa aos espectadores, que sairão do cinema confusos e afirmando: que povo doido esse do filme.

Acho que quanto menos saber, melhor para experiência. Mas o enredo gira entorno de dois atores de Hollywood. Uma atriz estranha (com a ótima Julianne Moore) que faz de tudo para conseguir fazer o mesmo papel que sua mãe realizou em um filme que irá ganhar uma refilmagem. O outro é um ator mirim, que após um estrondoso sucesso, antes mesmo de chegar aos 15 anos, já consome drogas, faz sexo e tem todo aquele carisma desagradável típico dos astros hollywoodianos.  Se em Birdman temos a sutileza nas ironias contra a máquina cinematográfica, já Mapa para as Estrelas é um soco bem no nariz, como direito a sangue jorrando e tudo mais. O filme é tão azedo e amargo, que não se assuste se alguém realmente sentir enjoo durante a sessão, como na cena em que a atriz interpretada por Moore comemora a conquista do papel sonhado às custas de algo horrível e deprimente. Desgraça dele, felicidade minha. Não é isso que dizem? Já a crítica a maneira como os astros mirins são construídos e destruídos pela máquina do cinemão, lembrou-me muito o prodígio Macaulay Culkin (Esqueceram de Mim). Em meio a esses dois pilares da narrativa, há um terceiro, mais importante, estranho e complexo. Agatha (Mia Wasikowska), uma garota misteriosas e cheia de queimaduras pelo corpo.

Tamanha esquisitice me fez lembrar a delirante experiência ao assistir Cidade dos Sonhos, mas aqui o impacto é melhor, pois conta com o talento de Julianne Moore, que se entrega como nunca em sua atuação, o que me remeteu a louca Norma Desmond, de Crepúsculo dos Deuses. Mapa para as Estrelas não é um filme fácil e prazeroso de assistir, mas é mais um passo firme na interessante galeria de obras de Cronenberg, que ainda consegue realizar produções instigantes sem vender a alma integralmente ao cinemão de Hollywood. Você pode até não gostar do longa, o que é aceitável,  mas a cena do ator sendo morto a golpes da estatueta-prêmio que ele mesmo ganhou, vai ficar pra sempre na minha memória.   



Mapa para as Estrelas (Maps to the Stars - 2014)
Direção: David Cronenberg
http://www.imdb.com/title/tt2172584/

Gilvan Marçal - gilvan@gmail.com
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