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Straight Outta Compton: A História do N.W.A.

Straight Outta Compton: A História do N.W.A. talvez não gere tanto interesse ao público médio brasileiro que vai aos cinemas, mas é essencial para quem gosta de música e deseja entender um pouco essa atual e gigantesca indústria entorno do Hip Hop internacional. O longa é a cinebiografia de uma das bandas mais importantes da história do RAP, o N.W.A (Niggaz Wit Attitudes -Negros com atitudes) e mostra o início do subgênero denominado Gangsta Rap, que mais tarde resultou em muitas mortes e ostentação exagerada.

Dirigido por F. Gary Gray (Código de Conduta) o longa cumpre seu papel de contar a história da banda e a importância dela para o gênero musical que representa. O problema é que o N. W. A. foi muito mais que uma banda de RAP. A canção emblemática Fuck Tha Police (1988) entrelaça o contexto racial da Califórnia, com as gangues, o tráfico de drogas, o abuso de poder e acaba virando um ícone para todo o planeta assistir quatro anos depois, em 1992, quando explode o barril de pólvora em Los Angeles, com absolvição de quatro policiais (três brancos e um hispânico) acusados ​​de agressão contra o motorista Rodney King. O filme mostra isso tudo, incluindo uma poética cena com dois lenços unidos durante os protestos em Los Angeles, um azul (Crips) e outro vermelho (Bloods), mas falta harmonia para deixar tudo isso bem costurado na cabeça do espectador. Quem entende Rap e sabe um pouco da história consegue fazer os links. A mulecada de hoje, que escuta Eminem e 50 Cent, e nasceu depois desses eventos, vai ter dificuldade para concatenar as ideias. A conclusão é simples. A história do N. W.A era algo muito grande e complexa para um diretor ainda mediano como F. Gary Gray.

O filme ainda é acusado de suavizar ou esquecer algumas falhas morais dos integrantes da banda. Casos como de Dr. Dre que tem conhecido histórico de violência contra mulheres. Esse é o problema de se fazer uma cinebiografia e o biografado participar, "ativamente demais",  da produção. Imagine se o filme Ray escondesse que Ray Charles era um profundo viciado em drogas? Não teríamos um filme, claro.

Sem o tratamento necessário para encaixar o ambiente histórico em que o N.W.A surge e essa suavização dos personagens o longa fica menor do que deveria ser. Mas não por isso ele deixa de ser uma obra obrigatória para quem gosta de música e deseja ver um pouco, ainda que superficialmente, da verdadeira essência do que um dia foi chamado RAP - rhyme and poetry (rima e poesia). Cada dia tem mais ritmo, e menos poesia. Hoje é monte de patetas rimando em videoclipes, ostentando jóias, dinheiro e bundas rebolando ao fundo. Se não fosse o N. W. A. e o disco Straight Outta Compton o mundo não teria conhecido Tupac Shakur, um grande músico, mas que foi uma das vítimas dessa insana mistura de música e gangues de rua.

O grande ero do filme: ele deveria ser tão insolente e subversivo como o disco foi em 1988. É essa merda da glamourização do Rap atual que anda fudendo tudo.

Ps.: O N.W.A revolucionou a música americana mandando a polícia se fuder em 1988. Ninguém lembra, mas os Titãs fizeram isso aqui no Brasil, em 1986, no antológico Cabeça de Dinossauro, e ninguém faz filmes sobre isso. Polícia, para quem precisa... Polícia para quem precisa, de Polícia.



Straight Outta Compton: A História do N.W.A. (2015)
Direção: F. Gary Gray
http://www.imdb.com/title/tt1398426/

  Gilvan Marçal - gilvan@gmail.com
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